O velho vestido se torna um kimono novo: garimpar, desmanchar, cortar e costurar.
O projeto do kimono nasceu faz alguns meses, a partir de uma frustração profissional eu sentei e costurei a piloto para ser a capa do projeto @re-vista.style que eu faço a quase dois anos em parceria com a fotografa Andrea Maia. Na pagina do Instagram contei a história, de onde veio a inspiração e o processo como um todo e partindo de um #kimono que ganhei quando ainda trabalhava na Levi´s fui costurando não somente roupas, mas sim os meu pedaços.
Mas não bastava um produto, porque só consigo fazer as coisas com um propósito bem definido. Desde que me conheço por gente eu costuro e aprendi fazer isso ainda criança, olhando a minha mão costurar as minhas roupas e dos meus irmãos enquanto eu fazia para minha boneca Susy. Depois estudei e me dediquei sempre a desenhar, criar coleções, porque é onde eu sei fazer com propriedade e tenho um grande histórico nas maiores marcas do Brasil, além da inúmeras viagens que meu trabalho proporcionou.
Mudar de um país para o outro quando somos adultos é como nascer de novo, você precisa de uma nova identidade, um novo CPF e tudo novo, mas a parte principal é encontrar o teu elo perdido, aquele que muda completamente a história e devolve a chama perdida. Entendi nos últimos meses que a vida em um novo país é como a vida dos gatos ou cães, que a cada ano deles, corresponde a uma média de 6 ou 7 anos de um humano para se tornar grande.
Acredito que é o tempo para encontrar de volta a força e segurança profissional, afinal, Milão é muito mais exigente e difícil que possa parecer. Nunca gostei das coisas mal feitas ou feitas pela metade e se me proponho a fazer seja lá o que for, faço sempre o meu melhor, nem que para isso eu sacrifique uma parte da vida pessoal.
Aprender a me comunicar com a arte era meu desafio maior, porque sempre foi o meu hobby e foi justamente através da arte que as portas foram se abrindo e de repente eu voltei a sentir a magia que é a moda, a emoção que isso sempre me trouxe e depois de anos finalmente recuperei esse meu lado, que confesso, estava adormecido.
Depois do primeiro kimono que costurei eu não parei mais e então queria dar vazão a um projeto que estava escrito no meu baú de ideias há mais de 3 anos e era aquele de: recriar valor as pessoas e as coisas, reutilizando a matéria prima e desenvolver o trabalho em si, para depois alargar em maior escala.
A arte supera todos os obstáculos e hoje unindo arte e a moda posso traçar caminhos e chegar onde acredito e sempre sonhei.
Cada peça é única e nasceu da compra de uma roupa usada, pensada em sua combinação, desmanchada, cortada e costurada. É um processo gratificante, aquele de dar valor ao descarte onde o velho se torna novo. É o mesmos sentimento que vale para nós mesmos.
Com certeza esse é só o começo e gosto de escrever porque se torna um compromisso feito comigo mesma e nunca deixo de cumprir nada, nem as prometidas em palavras, mas quando é nosso projeto especificamente, se não escrevemos com datas para executar, eles nunca acontecem.
Ótima sexta feita e vida a todos